LEITURA E APRESENTAÇAO DO LIVRO “NÃO NASCEMOS PRONTOS”, DE MARIO SÉRGIO CORTELLA
LEITURA E APRESENTAÇAO DO LIVRO “NÃO NASCEMOS PRONTOS”, DE MARIO SÉRGIO CORTELLA
O filósofo Cortella é um provocador de absolutos.
Irreverente o suficiente, para nos desacomodar com suas impertinências, sobre questões que nos atormentam desde que nos tornamos cognoscentes, depois de perambular por um bom tempo, pelo planeta Terra.
Esse livro, NÃO NASCEMOS PRONTOS, com seu subtítulo "Provocações filosóficas", ja indica o seu propósito de incomodar, propondo alguns indícios de reflexões, que somente nos acodem, em momentos que cessamos a correria da mente, entupida das fantasias de uma realidade suposta, que são inventadas para nos distrair dos mistérios da nossa existência. Nessa avalanche de informações que caracteriza o nosso tempo, mais adormece e entorpece do que nos espanta.
O "espanto" é o princípio da filosofia, cujo símbolo se representa pela coruja.
Por que a coruja simboliza esse espanto, essa interrogação diante dos mistérios? A analogia nos leva a essa ave noturna, por sua natureza de enxergar através da escuridão da noite, também simbolizando a reflexão e o conhecimento racional e intuitivo.
Vem da mitologia grega, Athena, a deusa da sabedoria, que tinha uma coruja como símbolo, assim como Minerva, na simbologia romana.
Esse "enxergar através da escuridão", traz a analogia com a filosofia, de procurar revelar na "escuridão" dos segredos da vida, a possível luz que explique esses mistérios.
Nisso reside o próposito das reflexões de Cortella, que indica a necessidade de construir a nossa humanidade, já que não "nascemos prontos", portando as virtudes da sabedoria.
Não é um livro no sentido tradicional, mas uma coletânea de pequenas crônicas, que vão construindo, a partir do cotidiano, de fragmentos da vida real, a inquietação existencial, e procurando revelar esse impulso de nos despertar, através do constante incômodo de interrogar o mistério.
Essa construção da nossa essência, na busca de responder a perguntas que sempre nos inquietam, é o propósito de Cortella. Caberia alinhar algumas delas: Quem somos? Por que estamos aqui? O que significa a vida? Qual o seu sentido final? Por que é tão curta a vida, na eternidade do tempo?
Tais questionamentos sempre incomodaram os filósofos, desde a antiguidade. E até hoje, esses enigmas continuam sem respostas, o que nos incomoda e nos leva a refletir, quando estaos despertos.
Esse "estar desperto", é a raiz da evolução das civilizações, que através dos tempos, vão edificando mitologias, crenças, conhecimentos e ciência, que nos expliquem o grande mistério.
Nosso momento histórico, um momento de grandes avanços tecnológicos, e que nos distinguem dos nossos antepassados, com as novas revelações científicas que tais tecnologias nos deram acesso, continuam, apesar de todo o avanço científico, sem respostas para os questionamentos fundamentais:
quem somos nós? O que estamos fazendo aqui? Qual o sentido da existência?
Interrogações incômodas, que desacomodam e recusam a metáfora citada de Guimarães Rosa, "o animal satisfeito, dorme". Uma afirmação da monotonia existencial, do silêncio que amordaça a inquietação do conhecimento.
Pontuei três crônicas, dentre as trinta e uma que compõem o livro, e que são provocativas, em suas narrativas:
> DESCANSE EM PAZ?
> A MÍDIA COMO CORPO DOCENTE
>O TRIUNFO DA MORBIDEZ?
Em princípio, vamos tentar encontrar a correlação entre elas, e que sentimentos as unem, e do que pretendem nos convencer, visto que partimos sempre do princípio, quando lemos um livro, que ocorre uma transferência de emoções ou de conceitos, ou até mesmo de certa identidade com a narrativa e seus afetos.
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